O TRIUNFO DO POETA NO REINO DO CAFUNDÓ
Pedro Monteiro é um danado. Depois de visitar o universo dos heróis picarescos com Chicó, o Menino das Cem Mentiras e João Grilo, um Presepeiro no Palácio, Pedro se volta, agora, para cenários e personagens que fazem lembrar as Mil e Uma Noites. Mas não nos enganemos: O Triunfo do Poeta no Reino do Cafundó – lançado recentemente pela Luzeiro – integra o mesmo rol dos anteriores, embora, aqui, o burlesco não se revele de imediato e, mesmo no final, só seja percebido por olhares mais perspicazes. As estrofes do introito demonstram que a literatura é a soma do talento individual à capacidade de garimpar no inconsciente coletivo: Certa vez imaginando A nossa ancestralidade, Joguei luz no pensamento, E busquei na oralidade Histórias que se perderam No vão da modernidade. Peguei caneta e papel, Remexi nos meus lembrados, Invoquei sabedoria Dos nossos antepassados, Lembrei-me da minha avó Fazendo seus proseados. Ela falava que um reino Chamado de Cafundó Tinha um monarca...