Postagens

O TEAR

Imagem
No tear temos a ponte E também o corrimão, Mas para fazer os fios Precisamos algodão Fruto colhido da mente Em busca de criação. Que a natureza nos ouça No seu jeito de escutar, Sobre a teia que tecemos Num dadivoso tear, Faça o favor de ouvir tudo E só depois decifrar. Pondo na nossa algibeira Farta determinação Repuxaremos os fios Do saber, da inspiração, Candeia do pensamento No leme da evolução. Somos o tear da vida Urdindo o seu pelejar, Um par de fios tecidos Pelas Ondinas do mar Num teimoso vai e vem, Sem jamais desanimar.                       PedrO  M.

EU E VOCÊ

Imagem
Tem na sábia natureza Um constante pelejar, Vejo uma folha caindo  Outra nascer no lugar. As estrelas incandescem E depois desaparecem Para o Astro-Rei brilhar. Nos férteis campos da mente, Morada da criação, Vamos fazer a colheita À luz da imaginação, E do fruto recriar Jeito novo de plantar Mais uma sábia lição. Nessa magia da vida Quero te reconhecer, Da caminhada do bem Não vamos desvanecer De semear igualdade No jardim felicidade Que haverá de florescer!                                       Pedro M.

BRIGA POR UM TOSTÃO

Imagem
  Um próspero comerciante, muito sovina, mas que honrava muito sua palavra, por isso mesmo, era comum receber convites para apadrinhar crianças da região em que morava. O segredo para seu sucesso consistia em não perdoar dívidas - Isso não; dizia ele, dívida é dívida! - Nos seus negócios de compra e venda, dinheiro emprestado, qualquer que fosse a pendência, a menor quantia que fosse, ele ia atrás e recebia, mesmo que para isso tivesse que ir às vias de fato. Certa vez um compadre seu fez uma valiosa aposta com outro ricaço da região, afirmando que faria o compadre quebrar a jura, mesmo que fosse com, apenas, um tostão! Aposta feita, ele foi até o compadre e fez-lhe uma compra deixando pendente um tostão, com a promessa de fazer o acerto no próximo final de semana. Dívida contraída, imediatamente, saiu e avisou para o outro, com quem havia feito a aposta, este, mais uma vez garantiu: - esta aposta já está ganha! - Acrescentando: - Conheço muito bem aquele avarento e sei bem que até...

VOCÊ TAMBÉM CONTOU DA VACA?

Imagem
  Dizem os mais velhos que um homem desonesto criava um papagaio esperto como mais não podia ser. Esse dito homem, um dia, resolveu abater uma vaca de propriedade de um compadre seu. Como o dono da vaca era também seu vizinho, ele não pôde estender nem o couro nem a carne no varal, como geralmente se faz. Assim, sacrificou a maior parte da carcaça, aproveitando somente as carnes mais nobres, enterrando o resto numa grande vala. O papagaio, bicho que tudo observa, ficou de olho no malfeito. Correndo a notícia do sumiço da vaca, o espertalhão, quando indagado pelo compadre se sabia de algo, desconversou. O papagaio tagarela não deixou barato: — Paco-papaco! Tira a vaca do buraco! Mesmo o sujeito negando, o compadre saiu dali de orelha em pé. Aí formou-se uma comitiva, com o dono da vaca roubada, o delegado e o padre, para interrogar o papagaio, e a desgraceira foi feita. O cabueta apontou o lugar, onde a comissão encontrou o couro e o restante da carcaça. O sujeito livrou-se da cadei...

DOUTOR EM ACENO

Imagem
Num reino distante, o rei havia mandado seu filho ao estrangeiro para que estudasse e aprendesse muitas sabedorias.  Após diplomar-se em diversos saberes, incluindo a comunicação por sinais, o moço voltou para sua terra natal, onde foi exaltado e aclamado como Doutor em Aceno.  Com a notícia da chegada do filho, o rei mandou preparar um grandioso banquete, numa festa repleta de ilustres convidados, escolhidos a dedo para a ocasião.  Além das autoridades, intimaram o rapaz mais sabido daquele reino para se medir com o filho do rei. Não havia nada de reconhecimento no tal convite a não ser enaltecer o Doutor. No dia do da festa, os lugares foram distribuídos de forma que o moço tomasse assento à mesa em frente ao príncipe. Ocorre que, faltando poucas horas para o evento, o tal moço foi acometido de uma terrível dor de barriga. Medo puro. O que fazer? Por sorte, ou por azar — vamos saber daqui a pouco —, ele tinha um irmão gêmeo. Cara de um focinho do outro, como lá dizem. N...

FRANCISCO: O MENINO DAS CEM MENTIRAS

Imagem
                        Era uma vez , um matuto de nome Zé Conrado que morava com sua mulher Filó e seus sete filhos: Pedro, Raimundo, Maria, Antônio, Bento, Jacó e o caçula Francisco, também chamado de Chicó. Viviam da pequena criação de animais e de lavoura, em terras do senhor Nicanor, um poderoso coronel daquela região. Mas num ano de forte estiagem, com os negócios indo de mal a pior, o Coronel entrou em forte depressão. Buscando descontração para amenizar suas angústias, culpas e remorsos por tantas maldades praticadas, resolveu, então, pagar para quem lhe contasse mentiras, como forma de distrair-se. O matuto Zé Conrado, por sua vez, afirmou: — Eu não vou até o Coronel, mas se ele vier a mim, garanto contar-lhe até cem mentiras e ele nem precisa pagar por isso!   O Coronel soube da história e, depressa, saiu com doze capangas para a casa do matuto e, antes, fez um juramento: Se ele não cum...

A REPARAÇÃO

Imagem
Era uma vez, uma mamãe pata muito dedicada às suas crias, por elas, era capaz de tudo; se necessário fosse, daria sua própria vida. Por isso mesmo, seus filhotes viviam bastante felizes, desfrutando d a tranquilidade de uma maravilhosa lagoa.  Aproveitando-se dessa, por vezes, exagerada confiança, uma maldosa raposa começou a matutar como tirar proveito da situação e conseguir um almoço. E num momento de rara desatenção ela deu um bote certeiro contra o patinho mais descuidado. Como logrou sucesso, ficou toda insolente, achando-se poderosa; nem imaginava a sorte que o futuro lhe guardava, pois mamãe pata não pensava noutra coisa a não ser redobrar os cuidados com aquela ninhada e ainda vingar-se do feito. Pressentindo que os ataques da inimiga não cessariam, a mamãe pata pensou depressa numa artimanha que pudesse por um fim naquilo tudo. Enquanto isso, à espreita dentro de uma moita, a raposa continuava com olhares ameaçadores. Foi então que a pata reagiu...

SONHOS NUMA MIRAGEM

Imagem
                                      Certa vez, motivado pela sustança de um farto almoço, me aconcheguei a uma confortável rede, fechei os olhos e viajei... E num passo de mágica, lá estava eu caminhando por uma mata, com paisagem de cor acinzentada, quese despida de folhas. O Sol queimava sem piedade e minha garganta doía de tanta sede. Buscando um lugar para me refrescar, segui por uma vereda coberta por folhas secas quando, repentinamente, avistei uma região com muito verde e rumei para lá. Chegando naquele lugar fiquei encantado com tudo que vi, pois, além do alegre cantar dos passarinhos; dos macaquinhos que faziam uma festa danada no alto dos arvoredos comendo e derrubando frutas no chão, estava eu, ali, frente a frente com uma belíssima nascente de água pura e cristalina. Aquela nascente formava um expressivo veio onde era possível avistar uma diversidade de pequenos peixes, tiv...

OS DIFERENTES IGUAIS!

Imagem
                        Certa vez, um rapaz rico e garboso, quando passeava num bosque, encontrou um porco-espinho, parou e observou a forma desengonçada do andar daquele bicho. E por julgá-lo um hostil e desafortunado ser, foi logo lhe interpelando: — Você assim tão espinhoso, como pode desse jeito abraçar alguém, afetuosamente, e ter paz? — O porco-espinho, serenamente, respondeu-lhe fazendo outra pergunta: — Por acaso, tu tens dificuldades para abraçar alguém da tua espécie? — O rapaz respondeu-lhe que não. Só então, disse-lhe o Porco-espinho: — A minha paz não depende só de minha atitude, mas, principalmente, da tua. — Como assim? — Indagou o rapaz, e o Porco-espinho, emendou-lhe: — Meus espinhos são minhas armas, minhas únicas armas, mas ouça bem, armas só de defesa. Autor: PedrO MonteirO Este Conto Fabuloso, apesar de sua singeleza, tem a intenção de contribuir par...

O CORRETIVO

Imagem
Certa vez, nas minhas andanças mata adentro pelas bandas da floresta azul, nas cercanias do rio Jenipapo, município de Campo Maior, no estado do Piauí, eis que me deparei com uma intrigante cena. Veja você! Quando caminhava dentro de um igarapé que parecia há tempos não ver água, ouvi ruídos encima de um lajedo e olhando o que era, avistei uma grande macacada. Isso mesmo, era um grupo de uns vinte macacos, aproximadamente. Faziam uma algazarra danada e naquela folia toda, eles nem perceberam a minha presença. Fiquei ali olhando, avaliando e só então pude entender que se tratava de um trabalho coletivizado quebrando coquinhos. Tinha um que erguia uma pedra de mais ou menos dois quilos, sacudia sobre o coquinho e dava um pulo, enquanto os outros recolhiam os fragmentos dos bagos e faziam um montinho, supostamente, para posterior divisão. Só quando os assustei, dando alguns passos à frente, foi que fugiram em disparada, com exceção de um, o de rosto amuado que estava no alto de...

PÁSSARO PEREGRINO

Imagem
A paixão é um pássaro peregrino voando com as asas da emoção, sentimento despido de razão em busca de encontrar o seu destino.                                           PedrO M.

PRENÚNCIO DAS CHUVAS

Imagem
Naquele esturricado sertão nordestino a situação era mesmo de muita tristeza. Já havia passado metade do que seria o período das águas, e nada de chuva! Plantar, naquelas condições, era só um desperdiçar de sementes. A fome se fazia presente vitimando, principalmente, os mais fracos e necessitados. O povo rezava e entoava cânticos rogando por reparação divina, pois acreditava tratar-se de um castigo dos Céus. Foi neste cenário que meu pai decidiu que íamos à Serra da Jurema, um lugar distante dali, mas um dos poucos na redondeza onde ainda era possível tirar mel de abelhas nativas. Saímos de casa cedo, ainda no turvo da madrugada, andando a pé por dentro da mata e quando já era meio dia, o velho parou e ficou observando aquele Céu azul, sem uma nuvem sequer! Eu também parei e olhei, procurando o que tanto lhe prendia a atenção. Então, percebi que se tratava de um redemoinho de urubus plainando nas correntes de ar. Ele, olhou, olhou... e ficou por um bom tempo calado. De repente...

O LOBISOMEM E AS MAZELAS HUMANAS!

Imagem
Naquele lugarejo simples, com uma única rua e mais ou menos trinta casas, o assunto era um só, a maldição. Era um período de forte estiagem, com isso, o povo se ajuntava e não falava de outra coisa a não ser do lobisomem. Uma unanimidade! Aquela cachorrada que passava latindo quase todas as noites, era mesmo denunciando a presença do bicho. Quando caía a tarde, era grande a preocupação. Muitos marcavam cruzes ou estrelas de seis pontas nas portas, colocavam agulhas virgens nos bolsos, entre outros amuletos, para espantar aquela maldição. O medo era manifesto. Alguns falavam baixinho, como se ele estivesse ouvindo. Mas tinha os que diziam temer só pelas crianças que ainda não haviam recebido o batismo, e ali eram, pelo menos, seis. Era lobisomem e ponto! Especulações, só quanto à origem do bicho. O dono da venda disse já tê-lo visto descendo a serra e que por certo não era dali. Um freguês comentou — Só pode ser coisa daquele casal lá do pé da serra...