quinta-feira, 17 de abril de 2025

JOÃO GRILHO, UM PRESEPEIRO NO PALÁCIO


João Grilo, um Presepeiro no Palácio, publicado em 2010 pela editora Tupynanquim, com ilustrações do mestre Klévisson Viana, foi o meu segundo cordel. Uma história irreverente e bem-humorada, que agora tenho a alegria de anunciar sua nova publicação, pela Rouxinol do Rinaré Edições, mantendo a capa original.


A seguir, compartilho algumas estrofes do texto:

Quero aqui contar em versos
Uma aventura engraçada,
Sobre um bom adivinhão
De astúcia comprovada,
Fazendo revelação
Com uma ave encantada.

Mestre Câmara Cascudo
Fez a catalogação
Desta pérola colhida
Na fonte da tradição,
Fincada lá nos guardados
Da nossa imaginação.

Vem da tradição oral,
Presente em forma de conto,
Atravessando fronteiras —
Pois quem conta aumenta um ponto!
Pessoa de toda idade
Aplaude e pede reconto.

(.)...
Certa vez, um amarelo
Que não tinha eira nem beira,
Enfrentando crise braba
Naquela terra roceira,
Fugiu da seca medonha,
Saindo pela porteira.

Morava com sua mãe,
De nome dona Maria,
Levando vida pacata
Numa pobre confraria,
Porém, aquilo não era
A vida que ele queria.

E, por ser muito franzino,
Com seu esquisito estilo,
Rebento de sete meses,
Nascido com meio quilo,
De serelepe que era,
Foi chamado de João Grilo.

(.)...
Chegando o segundo dia
E logo ao amanhecer,
Outro criado trazia,
Para não desmerecer,
Mais uma farta bandeja
Querendo lhe oferecer.

Quando João Grilo lhe disse:
— O segundo já está visto!
Acometido de susto,
Pois se julgava benquisto,
O criado quase rende
Sua alma a Jesus Cristo.

E gritou: — Sou o ladrão,
Que merece ser punido!
Fui pego pela mandinga
Desse amarelo enxerido.
E apontou o seu comparsa,
Que com ele foi detido.

João ficou muito assustado
Com a repentina sorte,
Por seu motivo de crença,
Recorreu à reza forte,
Dizendo: — Eu hoje escapei
De ver a cara da morte.

O rei ficou satisfeito
Com a sua habilidade,
E pediu que ele ficasse,
Pois tinha necessidade
De ter um adivinhão
Com sua capacidade.

E depois de sete meses
Desfrutando vida boa,
No conforto do palácio,
Não sendo mais um à toa,
Houve a maior confusão
Com o roubo da coroa.

Continua… 

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